O Álvaro e a Anouk...
Deveria, segundo o título do post, começar pelo Álvaro, mas tive uma educação extremamente severa, para não dizer mesmo... espartana!
Por isso, primeiro as senhoras... a Anouk.
Não sei se sucede convosco, mas eu tenho músicas que, mesmo já sendo bem "velhinhas", bem cheias de teias d'aranha, continuo a gostar de as ouvir... E há delas que me transmitem carradas de energia, que me dão vontade de desatar aos pinotes, de beijar tudo quanto é criança (tipo político em campanha eleitoral num qualquer mercado), de ajudar velhinhas a atravessar a passadeira, de mergulhar em alto mar, mesmo não sabendo nadar... Estão a acompanhar?
E esta é uma dessas músicas:
( Anouk - Nobody's Wife)
E agora estarão vocês a cogitar: "Ok... mas o que tem o cu a ver com as calças?"... Eu traduzo: "O que tem a ver o Álvaro com a Anouk?"
Pode parecer-vos uma associação forçada, mas, para mim, faz todo o sentido. Aquela música e estes excertos de um poema... despertam em mim o mesmo sentimento... a mesma sensação: Liberdade!
"Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda a gente.
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a excepção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos,
Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer,a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão,
de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas, de todas as sacadas
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."
(Passagem das Horas - Álvaro de Campos )