Carta de desamor

Deves estar surpreendido por  receberes uma carta minha.

Não te iludas! Não tem nada de surpreendente. Foi o único meio que encontrei para te dizer tudo o que não foi dito, sem ser obrigada a ouvir novamente a tua voz ou  a olhar  uma vez mais para a tua cara. Sabes bem que não sou de virar as costas e de me calar, mas a tua simples presença já me era insuportável. Uma carta pareceu-me a alternativa ideal para colocar um ponto final, para te fazer ver aquilo que recusas enxergar.

Naquele dia, pedi-te para termos uma última conversa, mas fingiste não perceber o motivo. Na tua óptica estava tudo bem, tudo tão tranquilo, tudo tão normal...

Como é que nunca conseguiste perceber que aí é que residia o problema?! O marasmo sufoca-me, a monotonia e a rotina consomem-me, a acomodação mata-me! Aborreço-me com o óbvio e com dados adquiridos! Aos poucos... senti-me aniquilada, desfeita e a perder o meu amor-próprio.

Perguntaste-me se algum dia te amei. Respondi-te que sim. Porque efectivamente... amei. Quiseste saber como deixei de te amar "de repente". Até nessa pergunta fizeste prova de total falta de noção do que se passa à tua volta, do que as pessoas que te rodeiam sentem ou desejam!

Eu não deixei de te amar "de repente"! O teu egoísmo, egocentrismo, a tua falta de sensibilidade, de entrega encarregaram-se de, a pouco e pouco, ir matando tudo o que de bom havia em mim... O amor foi-se! Conseguiste até levar-me a duvidar do que isso seja! És mestre em destruir sentimentos!

Tal como te disse, recuso-me continuar a fazer parte do teu mundinho, a ser vista como alguém que está definitivamente conquistada. Se te tivesses dado ao trabalho de me conheceres, na verdadeira acepção da palavra, saberias que nunca me sinto completamente conquistada! Sou exigente? Sou uma permanente insatisfeita? Talvez... Mas prefiro pensar que sou antes alguém que quer dar, mas que também quer receber; que se preocupa com os outros, mas que também reclama atenção e dedicação. Não sou Jesus-Cristo. Não dou a outra face.

Despediste-te dizendo que nunca ninguém viria a amar-me como tu... Foi a gota d'água! Nem num momento tão delicado foste capaz de pôr de lado a tua arrogância e o teu pretensiosismo!

Se chamas amar à forma como me vias e me tratavas... digo-te que prefiro mesmo nunca mais ser "amada".

 

Se algum respeito ainda tens por mim, peço-te que nunca mais me procures, que faças de conta que nunca existi... De mim, não darei mais um único sinal. Quero ficar longe de ti. O mais longe possível. Fazes-me mal! 

Adeus.

 

Atenção! Esta carta responde a um desafio que me foi lançado! Não é dirigida a absolutamente ninguém! Qualquer semelhança com factos ou pessoas reais é pura coincidência. Era suposto passar o desafio a umas quantas pessoas, mas não o vou fazer, pois confesso que foi um "exercício" que me esgotou psicologicamente... Quem achar interessante, sinta-se desafiado!

 

publicado por Teia d´Aranha às 18:06 | Comentar