A vida é fodida
Hoje, perante aqueles seis lugares à mesa de almoço, senti saudades. Saudades do tempo em que nos acotovelávamos e disputávamos a atenção. Constato que, por vezes, a vida é cruel demais por obrigar a separações que não se desejam e cuja distância só é minimizada por um telefonema. Para a maioria isso pode bastar, não para mim. Preciso da presença física, de encontrar olhares, de sentir o calor dos afectos... Contudo, em jeito de brincadeira (para que a minha fama de insensível permanecesse intacta), agradeci, a quem proporcionou o almoço, o facto de ainda manter viva a tradição de nos reunirmos à volta de uma mesa. Mesmo sendo nós apenas seis.
Há quem sinta saudades de lugares, de objectos, de momentos, de cheiros, de sabores... Eu sinto saudade de pessoas. E o que mais dói, é saber que algumas delas não as voltarei a ver, a ouvir ou, simplesmente, abraçar.
E depois há a saudade do que nunca se viveu. Mas isso já é outra história.