Vamos lá ver se nos entendemos...

 

Há lá melhor forma de iniciar o ano, aqui, do que um post que serve para pôr uma coisinha ou outra em pratos limpos? Há, claro que há! Mas não me apetece falar delas... Até porque é domingo, até porque faz sol e até porque tenho mais o que fazer do que cogitar sobre assuntos demasiado profundos...

 

No entanto, devido a um episódio recente e em jeito de a-ver-se-me-faço-entender-de-uma-vez-por-todas, queria apenas deixar bem claro que não é o facto de alguém comentar meia dúzia de vezes o meu blog que passa automaticamente a fazer parte do meu grupo de amigos. E essa do "amigo virtual" também não cola porque nem sequer compreendo esse conceito.

Admito que se estabeleça empatia com quem nos comenta, quer pelo facto de nos identificarmos com o que pensa, com a sua forma de ser, de estar, de sentir, mas é preciso muito mais do que isso para que a palavra AMIGO seja a que passa a carimbar essa relação.

Não é pelo facto de me dizerem que gostam do que escrevo, da forma como escrevo, que há muito que lêem o blog e etcetera e tal que vou considerar que está uma amizade cimentada. Eu também aprecio muito o facto da senhora do talho me escolher sempre a carne mais tenra e do senhor da livraria tudo fazer para me arranjar aquele livro de que ando atrás, mas nem por isso desato aos beijinhos ou a chamá-los de amiguinhos, como se já tivessemos sido companheiros de armas ou vivido muita coisa juntos.

Porque ser amigo não se resume a uma troca de palavras ou de galhardetes. Exige mais. Muito mais. Não é uma ocupação de part-time, não é um parque de diversões apenas. Dá trabalho. Ocupa muito tempo. Requer disponibilidade e entrega e não se compadece com intervalos.

Amigo é alguém  que me conhece para além das palavras, que capta o que estou a pensar ou a sentir, mesmo sem as palavras; que conhece os meus medos e inseguranças, os meus anseios e desejos; que sabe do que gosto e o que detesto; que me segura a mão nos maus momentos e que ri comigo nos bons. Mas é também alguém que não se coíbe de me chamar à razão, de me mostrar que posso estar errada, que fui injusta ou cruel. Porque um amigo não é quem diz ámen a tudo o que faço, mas é quem me aceita tal como sou, em toda a minha essência.

Tudo isto se consegue, aqui, na blogosfera? Não acredito nisso, nem por um segundo. Admito que possa ser o ponto de partida para desenvolver laços e até chegar a uma  amizade, mas ultrapassando as "barreiras" do virtual.

Estou quase há um ano nisto dos blogs e olhando para a lista dos links que tenho na barra lateral, verifico que conheço pessoalmente os donos dos três primeiros. Mas apenas a Sô Dona Gaja entrou na minha vidinha (ou eu na dela, já nem sei...) pela mão do blog. Contacto com outros "bloguistas" graças ao msn, onde falamos, disparatamos, nos insultamos, mas sabemos que falta muito para sermos declarados amigos.

Sabemos. Porque somos pessoas maduras, com idéias e valores bem definidos. E conscientes também. Conscientes sobretudo de que a vida está muito para além do entretenimento que um blog proporciona e de meia dúzia de comentários.

 

 

(Ah! Antes que me esqueça... é só para dizer que retirar-me dos "amigos adicionados" dá-me cá um abalo... Basta ir ao meu perfil e ver o quanto me preocupo com  isso...)

  

 (Apocalyptica feat. Adam Gontier - I Don't Care)

 

 

publicado por Teia d´Aranha às 12:48 |