Perguntam-me algumas vezes por que deixei de escrever. Não sei, respondo sempre. Não tenho nada para dizer, acrescento. Mentira óbvia. Temos sempre algo para dizer, quanto mais não seja que estamos vivos, que ainda respiramos, que ainda existimos. É quase como quando vamos no elevador com um vizinho e se instala aquele silêncio constrangedor. Podemos sempre falar do tempo. Por alguma insistência (sim, André... A tua, sobretudo!), vim hoje quebrar o silêncio de meses e dizer isso mesmo: estou viva!
Tenho pensado frequentemente em voltar a escrever e confesso até que sinto alguma saudade do tempo em que este blog andava numa roda viva com posts e comentários a toda a hora. ( E, porra, faz-me falta a escrita!) Mas hoje andamos todos mais dispersos e com um ritmo de vida cada vez mais acelerado. Ou são apenas desculpas. No fundo, sei que são.
O meu problema, bem vistas as coisas, não é o tempo que escasseia ou a velocidade que os dias me impõem. O meu problema, hoje, é que entre a primeira letra e o ponto final fica um enorme espaço que me custa preencher. Só e apenas isso.
Foi muitíssimo estranho, há uma semana, "ver" o meu blog dar um programa derádio.
Mas quase tão ou mais estranho do que isso foi, esta 6ª feira, entrar na livraria onde sou cliente habitual (e apenas a uns metros de minha casa) e ser cumprimentada com um "Boa tarde, Dona Teia d'Aranha!".
Se anatomicamente tivesse sido possível, sei que, naquele momento, me teria caído tudo no chão.
Imagino agora o dono da livraria a ler o blog e a pensar: "Quem diria, hein? Vem aqui comprar a sua colecçãozinha de cd's do Boss, a sua Blitz, um ou outro livro, sempre muito discreta, muito educada e vai-se a ver... escreve coisas capazes de fazer corar o próprio Bocage!"
E o que poderei eu responder: "Olhe, não dizem que a escrita liberta? Pois é... eu sou uma espécie de foragida. Assim que começo a escrever, liberta-se-me a alma e destrava-se-me a língua..."
Tive receio que esta situação me fizesse sentir constrangida ou pudesse condicionar a minha escrita daqui para a frente, mas constato que não me provocou o mínimo "arranhão". Eu estava perfeitamente consciente do "risco" que corria ao rejeitar o anonimato no programa. Porque quem não me aceitar tal como sou, tal como escrevo... só tem de fazer inversão de marcha.
Bastou o post anterior e levar com duas bocas do género "Não tens facebook?! Epá, regista-te que aquilo é muita fofinho, tem montes de cenas curtidas e vais ver que te vais divertir muito mais do que se assistisses a um comício do João Jardim ou a um concerto do Nel Monteiro!". Eu, que mal me cheira a festa fico toda eriçada, fui num ápice registar-me naquela "coisa".
Se me seduziu? Não.
E, embora me digam "ah, no início, também não achei muita piada, mas depois comecei a entusiasmar-me", eu não vejo muitas diferenças relativamente ao hi5. Verifico até que há quem continue a adicionar este mundo e o outro, desconhecendo totalmente a essência da amizade... Mas isto já é má língua ( a minha).
Parece ainda que muita alminha se perde nos jogo, sobretudo num que consiste em ter uma quinta e em conseguir torná-la lucrativa, fazendo trocas do tipo "toma lá um molho de grelos e dá-me um campo de couve tronchuda". Vistas bem as coisas, cria-se uma verdadeira teia de mafiosos que angariam amizades com o intuito malévolo de se tornarem ricos proprietários e de votarem os restantes pseudo-agricultores à condição de latifundiários. A mim é que não me apanham! Se eu quisesse render-me ao encanto dos trabalhos agrícolas, rumava a França para a apanha da fruta!
Mas há mais um motivo para eu torcer ao nariz a esta história do facebook. Em conversa com a Gaja, veio à baila o facto dos blogs andarem, digamos, chochinhos, paradinhos, sem condimento, desprovidos de emoção e de supresa. Como o meu. E eis que ela me diz que o culpado deste marasmo blogueiro é, em grande parte, dele. Do trombalivro! Que há gente, a dar c'um pau, embriagada com aquilo e que deixou de ler e de escrever nos blogs!
WTF?! Ensandeceram ou quê?! Então, mas há MESMO quem tenha trocado o prazer da leitura e da escrita por hortaliças e currais?!
Se, por mero acaso e obra do demo, suspeitarem que eu cedi a essa tentação, atirem comigo para um monte alentejano e resgatem-me apenas quando eu tiver conseguido cultivar uma tonelada de chícharos...
É um favor que me fazem.
ADENDA: informo que acabei agora (domingo, 11 de Outubro) de desactivar a minha conta do tal Facebook. Portanto, se alguém se sentiu incomodado com a minha adesão... pode, agora, respirar de alívio.
YES! Agora já posso gritar a plenos pulmões que... TENHO UM BLOOOOGGGGG!!!! Foi um "parto" difícil, mas, finalmente, viu a luz do dia... E tenho a certeza que vai ser a minha "cara", pois é suposto um blog deixar transparecer o que somos, o que pensamos, o que sentimos..., certo? Mesmo que não seja... que se dane! O MEU BLOG será o meu "eco" e espero que também seja o de quem "me" ler... Gosto de saber o que passa pelos neurónios alheios.
Ter-me metido na blogosfera não foi um simples capricho. Tem alguns motivos, mas o principal é o de ter fascínio pelas letras, pelas frases, pela escrita. Sim... sou uma escritora frustrada! Cheguei a ficar podre de inveja do Mantorras, da Carolina Salgado, do Mourinho, da Fátima Lopes e até do Chefe Silva: todos grandes "vultos" da nossa literatura...
Em pequena tentei ter um diário, ainda escrevi umas páginas, mas havia sempre alguém que o lia à socapa e após várias tareias na pessoa em causa e uma hospitalização prolongada... achei melhor desistir! Além do mais, a leitura ser feita apenas por familiares, para mim, hoje, é pouco... muito pouco (podem chamar-me ambiciosa... eu aguento!). Nem sei se lhes vou dizer que me meti nisto. Não saberem será bem mais benéfico: poderei falar deles à vontade, contar todos os podres, sem ser deserdada, e poderei também desvendar aspectos da minha vida que não me interessa muito que saibam (topam?).
Hoje ainda não vou desvendar coisa alguma. Vou simplesmente pedir que me concedam um descontozinho por ser um post tão "básico", mas "nasci" agora... tenho tanto para aprender! E informaticamente falando... sou meia "trenga" ( como dizem os meus amigos nortenhos)! Por isso, sugestões, comentários, críticas... serão bem recebidos e obterão sempre resposta.
Antes de me eclipsar, seria injusto não deixar aqui os meus agradecimentos àqueles a quem devem atribuir as culpas por levarem "em cima" com mais uma bloguista: obrigada Sr. Presidente por me fazeres acreditar que digo duas ou três coisas que talvez dêem gozo ler e por me teres ensinado a dar os primeiros passos na minha "teia"; obrigada Sr.TOC por me incentivares e por tirares uns minutos para ler o que escrevo e dares sempre a tua opinião; obrigada Cátia por estares sempre onde e quando preciso... tens aqui mais uma forma de conheceres as loucuras da tua pseudo-mana!
Quem se dá ao trabalho de me conhecer sabe bem que, para mim, a música é como pãozinho para a boca... Vou tentar (agora é que vai ser lindo!) deixar-vos uma com cuja letra me identifico, onde me sinto retratada...
Espero-vos na minha teia... Sim, o blog chama-se TEIA DE ARANHA, mas não consigo ainda colocar o título nem a imagem de uma teia... Já tentei, mas sem sucesso! Ah, miúda burra!!