Sexta-feira, 08.04.11

O meu mini-gajo é um grande-gajo

Conversa a caminho de casa, esta semana, depois de mais um dia de aulas:

 

Duarte - Mamã, há uma menina da minha turma que gosta de mim. Veio hoje dizer-mo.

 

Eu (já de orelha em pé e de sobrolho franzido) - Quem é ela, filho?

 

Duarte - É a Andreia, sabes, aquela que já deveria estar no 6º ano...

 

Eu (torcendo o nariz perante a falta de inteligência da candidata a minha nora) -  E o que é que tu respondeste?

 

Duarte - Perguntei-lhe se era só isso que ela tinha para me dizer e depois ela também me perguntou se eu gostava dela.

 

Eu (com o coração nas mãos) - E tu...?

 

Duarte - olha, eu só lhe disse "Não te posso responder que sim"...

 

 

Conclusão: acho que um miúdo de 10 anos pode muito bem dar lições a badamecos homens feitos sobre o que é não ferir os sentimento dos outros.

 

E a fazê-lo com classe.

 

 

publicado por Teia d´Aranha às 15:51 | Comentar | Ver comentários (9)
Quinta-feira, 09.04.09

Os meus muros são os meus inimigos

 

Há quem me julgue uma fortaleza, daquelas bem imponentes, daquelas que  resistem a qualquer sismo, a qualquer abalo. Daquelas que se mantêm de pé, pedra sobre pedra, independentemente dos ataques de que possam ser alvo.

É culpa minha, admito, se sou lida e interpretada desta forma. Porque eu própria passo essa imagem.

A de quem não se belisca com nada, a de quem suporta qualquer intempérie, a de quem tem uma armadura tão resistente que nada, mas mesmo nada me pode atingir. Nem o bem, nem o mal.

 

Mentira, ilusão, engano, perfeito disparate.

 

Plagiando Fernando Pessoa, também eu "Amei e odiei como toda gente.Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.Para mim sempre foi a excepção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos."

 

Eu sinto, como toda a gente. Eu prezo os sentimentos mais nobres, como qualquer pessoa.

Eu deixo-me tocar pelas coisas mais simples da vida: um sorriso, uma palavra de ânimo, um elogio, um abraço, um beijo, um toque.

Eu não consigo passar ao lado do sofrimento ou da tristeza das pessoas de quem gosto ou amo.

Posso não deixar transparecer a minha imensa alegria ou a minha profunda tristeza, mas ela está cá dentro. Sempre.

 

Se muitas vezes me mostro fria, gélida, quase insensível foi porque cresci obrigada a fazê-lo e quem me conhece bem, muito bem mesmo... sabe do que estou a falar.

Quando se foi educada para ser resistente, para lutar sozinha, quando as palavras e os gestos de carinho e de amor nunca batiam à minha porta... isso deixa marcas. Mais do que possam imaginar.

Passamos quase a ter "medo" de expressar afectos. E se os recebemos de alguém, desconfiamos, ficamos de pé atrás... porque não estamos habituados. Sabemos lidar com a adversidade, mas perante a felicidade tornamo-nos autênticos leigos.

 

E o que se faz, regra geral, com o que não conhecemos? Lidamos, manuseamos com todo o cuidado. Protegemo-nos com receio de qualquer "ataque" repentino. Queremos estar prevenidos, invulneráveis.

 

Eu sou assim com os sentimentos. Não me atiro de cabeça, não cometo actos de loucura ou gestos irreflectidos e dou por mim a ser comedida, a ir sem pressas, a pisar o terreno como se este se encontrasse minado.

Não troco de amigos como troco de roupa. Não salto de paixão em paixão como quem bebe um copo de água.

Mas, uma vez conquistada, sou fiel, respeito, cuido e sou capaz, nessa altura, de deixar que os meus muros caiam, que cada uma das suas pedras se desprenda e role, sem a preocupação de futura reconstrução.

 

Mas as conquistas demoram tempo. As conquistas requerem paciência, compreensão. As conquistas pedem altruísmo e dedicação. As conquistas são levadas a cabo por guerreiros, por destemidos, por quem sabe o que realmente quer, por quem tem a mesma perseverança na alegria e na tristeza.

 

As conquistas nunca foram conseguidas por quem é indiferente.

 

 

(O tipo de letra do blog mudou porque me apeteceu. É provável que eu, a Beta, a Teia... também vá mudando... Simplesmente porque não consigo ser indiferente... a tudo, mas sobretudo à vida.)

 

 

publicado por Teia d´Aranha às 08:58 | Comentar | Ver comentários (26)
Terça-feira, 10.02.09

Há amores que estrangulam...

Quem nunca desejou um amor incondicional? Não falo do amor entre pais e filhos, entre irmãos. Esse é inquestionável (ou deveria ser). Refiro-me ao amor sem limites de um homem ou de uma mulher. Quem nunca desejou ser amado(a) sem reservas, rodeado(a) de todas as atenções? Quem nunca quis ser o mundo, o universo de alguém?

Não vale a pena negar o óbvio: passamos a vida em busca da felicidade e do amor, na procura daquela pessoa que nos "encha as medidas" e na qual nos encaixemos na perfeição. De corpo e alma. Uma sintonia inequívoca.

Para muitos essa busca poderá vir a revelar-se infrutífera, deitando por terra a tal teoria de que existe sempre, algures, a nossa outra metade. Até porque esse "algures" pode ficar no outro lado do mundo, reduzindo, assim, tragicamente as hipóteses de com ela nos cruzarmos. Ou então, pode até dar-se o caso de encontrarmos alguém com quem nos sintamos emocionalmente aconchegados, mas não plenamente preenchidos. Como aquela peça do puzzle que até cabe naquele espaço, mas depois não se une de forma perfeita às restantes. Ainda não é a tal peça.  

Existem depois os afortunados. Os que têm a sorte de encontrar a outra metade praticamente ao virar da esquina. E, quase sempre, quando menos esperavam ou quando já não acreditavam ser possível, fruto de experiências anteriores mal sucedidas. Mas eis que, um belo dia,... aí está ela... a tal pessoa!

 

Há quase dois anos, um amigo meu confidenciou-me um encontro destes, onde sentiu que she's the one. E a forma como me ia relatando os factos e o turbilhão de sentimentos em que estava mergulhado, abalou por completo a minha idéia de que os homens não sentem de forma intensa e de que jamais põem a nu afectos, dúvidas, receios e desejos. Não poderia estar mais enganada! Tinha diante de mim um homem vivido, mas com a euforia de um menino que acabara de dar o primeiro beijo... Euforia, no entanto, ensombrada por um facto ao qual não podia fechar os olhos: ela estava ligada a outra pessoa por algo chamado... casamento. Recente, mas ainda assim... um casamento. Sem filhos... mas um casamento. E isso pesa!

Não vale a pena estar com falsos moralismo e vestir uma expressão de condenação. Atire a primeira pedra quem nunca deu um passo que não era suposto dar. Não recriminei o meu amigo, mas nunca deixei de o alertar para o desgaste psicológico e emocional que uma relação daquelas poderia acarretar. Contudo, também lhe fui dizendo que se os sentimentos dele eram correspondidos, lá chegaria o dia em que aquela mulher ficaria ao seu lado. Sim, porque na minha modesta visão, quem se envolve com outra pessoa, tendo um casamento às costas, é porque algo está mal.

Passaram quase dois anos. E ontem, tive novamente "diante" de mim, o tal menino, mas com lágrimas, invadido por uma decepção monstruosa, completamente perdido e derrotado, magoado da queda, mas recusando-se a tratar as feridas por achar que é um esforço em vão. Um guerreiro vencido pelo cansaço de lutar contra fantasmas.

Já o tinha sentido assim, cheio de interrogações e de desalento ao longo destes dois anos, nas várias conversas que fomos mantendo. E confesso que não sei como conseguiu aguentar, como foi capaz de se contentar com encontros fortuitos, com ausências prolongadas e sobretudo com promessas que nunca mais eram cumpridas. Só encontro uma explicação: cegueira emocional, meu amigo! Quando o coração nos coloca uma venda os olhos para que não possamos enxergar o óbvio, pois o amor que sentimos é mais forte do que tudo e porque nos agarramos a uma esperança, mesmo ténue, como se de uma tábua de salvação se tratasse.

 

Eu dou a mão à palmatória: há atitudes que não entendo, há formas de determinadas pessoas se posicionarem face ao amor que me escapam. Como é que uma mulher  (aquela por quem o meu amigo se apaixonou perdidamente) passa dois anos num impasse, numa vida que não a satisfaz, junto de um homem que, provavelmente já nada lhe diz, se envolve com outro que diz amar acima de tudo, com quem projecta um futuro, uma vida, de quem recebe tudo (uma fidelidade e uma entrega raras) e, no fim, diz que está confusa, que não consegue tomar uma decisão, que não tem coragem, que é fraca?! Como é possível?!

Sim, é fraca! Sem dúvida que o é! Fraca e imatura. Quem opta por manter uma vida postiça em vez de tomar as rédeas do próprio destino... só pode ser muito fraca e covarde. Quando nada há que obrigue a manter uma relação (nem sentimentos, nem dependência financeira, nem filhos) e há outro alguém que se ama, que nos ama, que nos escancara as portas do seu mundo, que se prontifica a tudo por um amor singular e, mesmo assim, isso não é o bastante para uma tomada de atitude... Que nome poderemos dar a isso? É amor? Só se fôr um amor que estrangula, que fere, que destrói, que mata.

 

Ontem teria gostado de ser dona de todas as repostas, mas mais não consegui do que ser dura, do que tentar fazer com que o meu amigo compreenda que a vida não tem o modo pause, não permite paragens de tempo, não permite prolongar ad eternum beijos, abraço e juras de amor. Há que seguir em frente, ou pelo menos, tentar. Há que fazer o luto. E dar tempo. E dar espaço.

 

(Amigo, obrigada por me teres deixado escrever sobre o que tanto te dói. Mas não o fiz apenas pelo prazer de escrever. Fi-lo porque sei que muito do que já te escrevi, mal leste. Não por mal, mas porque a necessidade de deitares cá para fora tudo o que te sufocava era mais forte do que tudo aquilo que eu te pudesse dizer. Aqui, poderás ler e reler e se, porventura, te magoar demais, eu apago o texto.

Tu mereces ser feliz, muito feliz! Ontem, confessavas que não valia a pena lutar por mais nada. Errado! Vale a pena sim! Vale a pena lutares por ti! Sempre por ti!)

 

 

publicado por Teia d´Aranha às 21:47 | Comentar | Ver comentários (26)
Sexta-feira, 30.01.09

"Weatherman", onde páras tu?

 

(Sub7even - Weatherman)

 

"I'm just the weatherman
I make the sun and rain and the colourful rainbow
I am a lucky man
I can freeze my pain if I feel that way"

 

 

Se este homem existir... façam-no chegar a mim. Mas digam-lhe que dispenso a chuva.

 

Contem-lhe apenas que sinto falta do sol e das cores. De rostos alegres e de gargalhadas sonoras. De afectos  e de sentimentos genuínos. De palavras encorajadoras e de silêncios cúmplices. 

 

A chuva, o cinzento e o preto... já me fizeram refém. Preciso que me libertem... Que me façam acreditar que as intempéries são passageiras e que atrás de uma nuvem negra existe mesmo um sol que apenas repousa...

 

 

 

publicado por Teia d´Aranha às 11:02 | Comentar | Ver comentários (12)
Domingo, 07.12.08

Romeu... procura-se

 

Há, por parte da maioria dos homens, a idéia de que as mulheres, quando se juntam, falam de assuntos tão importantes como: penteados, roupas, sapatos, e... homens. E que algumas, para se armarem em espertas, também falam de economia, sobretudo em época de saldos...

 

Há, por parte da maioria das mulheres, a idéia de que os homens, quando se juntam, falam de assuntos tão importantes como cerveja, carros, futebol e... mulheres. E que alguns, para se armarem em espertos, também tentam dizer duas ou três frases que tenham, nem que seja ligeiramente, a ver com política.

 

Ponto em comum? Falarem do sexo oposto.

Mas será que abordam o "assunto" e expõem os sentimentos da mesma forma?

 

Armei-me em Fátima Campos Ferreira e resolvi colocar a questão às duas partes. E veio a confirmação às minhas suspeitas.

As mulheres gostam de falar do que lhes vai no coração, mas para confidências mais íntimas procuram a melhor amiga, a quem dizem o que sentem, o que receiam, o que anseiam; a quem colocam dúvidas e pedem conselhos. A quem chegam a falar da paixão e do amor que sentem por aquele que lhes dá aquele friozinho na barriga. E do corpo. Não vou mentir. Também falamos do corpo. Mas com uma escolha cuidada do vocabulário e sem entrarmos em detalhes.

 

Os homens também falam do que sentem, mas sobretudo do que sentem quando olham para o rabo ou para as mamas da "gaija" que lhes serve o almoço no restaurante, lá perto do local de trabalho. Ou do fogo que sentem a subir-lhes pelo corpo quando vão no elevador com a boazona do prédio. Agora falar de paixão, de amor?! Estás parvinha ou quê?! A maioria acha que abordar assuntos desse calibre é coisa para "gaijos" pouco machos, coisa de "florzinha". Uma mariquice. Ou seja, eles até sentem, mas não falam porque alimentam a idéia peregrina de que virilidade e expressão de sentimentos não combinam, pura e simplesmente não se misturam.

 

Por que desapareceram os "Romeus"?

 

 

Aproveito também este post para responder ao desafio do Sapo Blogs que consiste em elegermos aquela que é para nós a melhor canção de amor. Foi extremamente difícil porque poderia dar uma lista quase interminável de músicas, algumas delas já as fui colocando no blog. Mas a de hoje é uma das que me conquista totalmente.

(Dire Straits - Romeo & Juliet)

 

publicado por Teia d´Aranha às 23:57 | Comentar | Ver comentários (35)
Sexta-feira, 18.07.08

Problema de expressão ou de afeição?

Todos temos necessidade de expressar sentimentos... os bons e os menos bons. E não sei porquê, mas sempre tive a sensação que o ser humano tem muito mais facilidade em expressar raiva, desagrado, ódio, antipatia do que sentimentos mais puros. Será porque aquilo que nos faz ferver, que nos dá "volta ao estômago" transforma a nossa boca numa embalagem de abertura fácil? Por que será que há pessoas que parecem ter livre trânsito para ofender, ferir, magoar e revelam a maior das dificuldades em gostar, em amar?

Dizer, mostrar que se gosta... não é para todos!

Pensando melhor, talvez dizer até seja bem mais fácil do que demonstrar, provar. Até pela simples razão que as palavras valem o que valem. São apenas palavras.

 

Há quem diga "Gosto de ti", "Adoro-te", "Gramo-te" ou "Curto-te"(versões mais modernas) ou até "Amo-te" como quem diz "Passa-me aí o sal!". Este" gostar"... eu dispenso! Falta-lhe o calor do sentir.

Depois há quem pura e simplesmente não consiga transformar os sentimentos em palavras. Quem  nunca ouviu alguém queixar-se que a cara-metade nunca proferiu um simples "Gosto de ti"?

 

Até há bem pouco tempo, eu pensava que este calar de afectos fosse mais do domínio dos homens, pois muitos ainda alimentam a ideia peregrina de que ser muito carinhoso, atencioso seja conotado como "mariquice". Mas tenho constatado que a não verbalização de sentimentos existe tanto no sexo masculino como feminino. E será que é assim tão importante utilizar a linguagem verbal para desvendar o que vai dentro de nós?

Eu atrever-me-ia a afirmar que a maioria de nós gostaria do meio termo. Eu gosto do meio termo. Gosto de um "Gosto (muito) de ti", de um "Adoro-te" ou de um "Amo-te", mas dito olhando nos olhos, pronunciado alto e bom som ou apenas sussurrado ao ouvido, numa multiplicação de toques, de carícias, de beijos e de abraços fortes, onde o perto se torna muito perto. Sem isso... é como abrir um ovo de chocolate e verificar que, afinal, é oco! Não estava tão recheado como supunhamos...

(Clã - Problema de Expressão) 

 

Sinto-me: a pensar na vida...
publicado por Teia d´Aranha às 23:46 | Comentar | Ver comentários (30)

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