É preciso ter (sal)azar!
Há coisas na minha vida que eu dispensava de bom grado, sem qualquer arrependimento, sem sequer pestanejar. Coisas como passar três horas de domingo a passar a ferro (não tivesses deixado acumular a roupinha! Pode ser que assim aprendas a não ser mula e a não passares o sábado sem fazer puto!), coisas como ouvir os gritos de júbilo de um dos meus vizinhos sempre que o Benfica marca ou o Sporting falha, coisas como reuniões de trabalho marcadas para um fim de tarde para o qual eu já tinha planos para algo bem mais proveitoso... Mas, pronto, são coisas que, quer queiramos quer não, temos de levar com elas e , como diz o outro, "aguenta e não chora"!
Agora, coisa bem pior do que ter de despachar um camião de roupa que clama por ferro é sentarmo-nos no sofá para o merecido descanso e sermos informados que a mini-série "A vida privada de Salazar" vai passar para o grande ecrã!
A sério... eu vi muito pouco da série e quando digo muito pouco é para não dizer quase nada, mas havia necessidade de a transformar em filme?!
Já sei, já sei... a facção masculina vai argumentar " Epá, mas tem a Soraia, tem a Soraia Chaves!". Ok, eu até admito que a miúda dá um, digamos, certo colorido à trama, mas o meu "problema" é que "Epá, mas tem o Diogo, tem o Diogo Morgado!".
Será que sou só eu que acho que o Diogo Morgado pode servir muito bem para os sketches d' "Os malucos do riso", mas para o papel de Salazar precisa de, pelo menos, envelhecer? Sim, porque para além de uma representação fraquinha, aquela caracterização da personagem é de bradar aos céus!
Convencê-lo de que ele encarna Salazar na perfeição é quase tão horripilante como dizer ao outrora pequeno Saúl que bastava ele colocar um bigode, um chapéu e cantar coisas que metessem a palavra "alho" para se tornar num verdadeiro Quim Barreiros... ou então... dizer à Eunice Muñoz que ela pode perfeitamente integrar o elenco da canalha dos "Morangos com Açúcar", bastando para isso vestir-se da cabeça aos pés com tudo que seja da Hello Kitty e grunhir umas frases do tipo "ganda cena!, Tasse? Bora lá? "...
Haja paciência!
Agora, se me derem licença, vou ali arrumar a pilha de roupa nos roupeiros... e já volto.