Quando o calor aperta...
"... a sede desperta" era, há uns anos, o slogan que anunciava a chegada do Verão e de um produto qualquer. Penso que era do gelado Corneto, mas não tenho a certeza nem isso interessa agora.
O calor também me desperta a sede, mas traz a reboque uma vontade de não fazer nenhum que até dói! Vontade essa que sou obrigada a contrariar a toda a hora, sobretudo nesta altura em que o trabalho se reproduz como coelhos e, como se isso não bastasse já para eu subir pelas paredes, ainda me lembrei que era giro fazer uma formação que até me vai ocupar um ou outro sábado. A minha estupidez não tem limites... Por isso é que a produção escrita aqui no estaminé nunca esteve tão fraquinha. A falta de tempo tem sido, sobretudo, a grande culpada da minha ausência, pois vontade de escrever não tem faltado e assunto idem idem, aspas aspas...
E adivinhem sobre que tema me tem apetecido dissertar (?) Sobre os/as chamados(as) "coninhas" que se atravessam na nossa vida, que vêm de mansinho, como quem não quer a coisa...
Mas o que é um(a) coninhas?
Há já muito tempo, a Gaja deu a definição. Segundo ela, "Entenda-se por uma pessoa coninhas o seguinte (e aprendam comigo que eu não duro sempre) : Uma pessoa coninhas, por norma, nunca se chateia com nada. Podemos mandar-lhe três basaltos da calçada no meio da testa, gritar-lhe quatro ou cinco asneiras ao ouvido, que aquela carinha nunca muda de figura. Transporta sempre um sorriso parvo e um ar angelical. Uma pessoa coninhas nunca fala alto e acaba quase sempre as palavras que diz, em inhos e inhas. É típico desta espécie mostrarem aos outros o quanto as suas vidas são perfeitas....os filinhos....os maridinhos....as mulherzinhas.....a casinha.....o cãozinho......o carrinho.....".
Resumindo e concluindo, nesta definição, um(a) coninhas é alguém que nem caga nem desocupa a moita ou, em português mais rude, é quem nem fode nem sai de cima. É quem parece um(a) santo(a), mas de pau oco. É quem não avança nem recua. Não é doce nem salgado. É insípido. Sem gostinho nenhum. E normalmente desempenha esse papel a tempo inteiro.
Os(as) coninhas, encontramo-los(as) em todo o lado: no local de trabalho, nas filas de trânsito, nas repartições públicas... São os(as) que se juntam a nós nos protesto contra a entidade patronal, mas que lhe lambem as botas na primeira oportunidade, que fazem serões sem reclamar, sem um "ai" e ostentando o tal sorrizinho parvo como se se tratasse de uma imagem de marca; são os(as) que vão no meio da estrada a 20km hora e a travar; são os(as) que dizem "sim" e passados cinco minutos "não" e dez minutos depois "não sei" ou "talvez"; são os(as) que respondem que estão óptimos(as), relaxadíssimos(as) e que a vida é linda e é sempre a "bombar" quando, na realidade, são donos de uma vida de merda e sem estórias para contar...
Mas há quem seja coninhas em part-time. Eu sou-o quando me dá jeito. E sobretudo quando dou de frente com alguém que pensa que sou mais coninhas do que ela própria. Nesses momentos, entro no jogo, não contrario e convenço-o(a) de que sou estúpida todos os dias e que, além de estúpida, sofro de miopia e de surdez, ou seja, que sou totalmente tapadinha, quase uma atrasada mental. Sendo assim, interpretar sinais e ler nas entrelinhas é algo que pareço não saber fazer. Mas sei. E demonstro até um talento especial nesse domínio. Sei juntar "pontas soltas" e somar isto mais aquilo como pouca gente, se me permitem a falta de modéstia.
Se este post é algum recado? É.
Por que não o digo directamente à pessoa em causa? Porque é coninhas a tempo inteiro e eu seria obrigada a fazer um desenho. E esse é um talento com que não fui brindada.